A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

PoemArte - O que seu esqueleto diz? / Allen Ginsberg: Balada dos Esqueletos


E todos estão mortos agora.
Vivos como sempre!
Caminhando sobre virtudes armengadas
A morte sempre trás respostas,
para todos os últimos segundos da vida.
A guerra do mundo, mudou tudo.
Quase tudo - menos o seu mundo.
Continuamos a sobreviver, dialogando com esqueletos.
Esperando resposta de músculos e glúteos.
Ouça o que o mundo diz e mantenha-se surdo
Sinta o que o universo trás, antes do apocalipse matinal chegar.
Fitas, durepox, durex, superbond.
Resista à osteoporose da vida.
E agora. O que seu esqueleto diz?


Gente não é coisa de gente!




Gente não é coisa de gente!
Toda gente feia tem algo bonito.
Toda gente bonita tem algo feio.
Tanto no físico, quanto no intrínseco.
Toda gente fede.  Toda gente caga.
Toda gente morre. Toda gente cospe.
Toda gente que ser diferente.
Todo diferente que ser gente.
Toda gente deveria ser agente,
de transformação e valorização de gente.
Mas gente, como gente.
Nada mais é, e nada mais merece ser,
do que gente!

PoemArte - Pela janela do meu carro / Susan Lopes: Pela janela


Pela janela do meu carro vejo o atropelo da vida
A morte pedir carona e a indignidade criar vida
Sinto o ar condicionado condicionando minha esquiva
Nos semáforos abertos vejo a esperança se fechar
A direção hidráulica não mata a sede dos sertanejos urbanos
A tensão esferográfica sobrescreve toda a arte ao redor
Meninos de rua sendo homens nos apartamentos da miséria
Homens de negócios em falência de empatia
Malabares, jornais, água mineral, bala, crack
Picolé, paçoca, receita médica, ferida exposta
Batendo no vidro, "Tia, é só um real"
Música em volume alto no ambiente interno
Amortece o sopapo dado pelo ambiente externo
into de segurança que me deixa em corda bamba
Quando o cano ferroso — “da razão" — encosta no para-brisa
Pela janela do meu carro em plena consciência
Sinto-me num parapeito, como um ensandecido suicida.