A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

A guerra dos ponteiros na trincheira do destino

                                                               


 
I
Por mais firme que possa parecer
Rendo-me às marcas deixadas pelo relógio
A cada “tic”, sinto um “tac”.
 
As horas insistem, e eu persisto
Elas desvendam sonhos e revelam planos
No cruzar afoito de olhares, sinto-me ponteiro.
 
II
Louco para ser abandonado pelas horas
Condeno-me a relojoeiro do tempo
Necessito pará-lo quando você chegar.
 
Sempre faltarão 15 minutos para você ir embora
Já que pararei os ponteiros do relógio humano
Nos 45 minutos da elucubração de seus quartos.
 
III
Quando te encontrar, relógios não nos escravizarão
Seremos nós dois os ponteiros da satisfação
E o alarme, nossos gemidos nas madrugadas.
 
IV
Arrancarei pilhas, tomadas, quebrarei a mica da solidão
Pararei engrenagens e as girarei em sentido anti-horário
Farei o necessário para permanecer em seus braços.