A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

Véu da alma


Caramelos de sal, sorrisos de vaginas.
Folhagens de esqueletos, fé subjugada.
Esqueci meus diamantes no chiqueiro.
Fico tranquilo, estão seguros.
 
Fogo em estufa de cartolina.
Jornal com notícias de catástrofes.
Matriarcais, funestas e solidárias desgraças.
Fuzilamento de inocentes em igrejas católicas.
 
Credos de credores em débitos.
Germinação de ações moribundas.
Néctar de chorumes em pão sírio.
Curto circuito em máquina de datilografar.
Poeta em desespero sem poder gritar.
 
Chupa um caramelo, faz cara séria.
Colhe folhas da árvore genealógica da fé.
Visita o ourives, planta um cacto.
Molha o jornal, mata a mãe e Jesus.
Divide em 3x sem juros, põe o sumo do rancor no congelador.
Morre eletrocutado com o engasgo da alma.