A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

* Foto de autor desconhecido / Google

Vou deixar de ser maluco



Cansei de ser maluco; para mim basta!
Essa minha maluquice não me levou a nada.
Não vou mais gastar dinheiro com vinil e livros.
Nem tomar pílulas com chá para me acalmar.
Vou parar de usar camisas desbotadas, amarrotadas e rasgadas.
Vou vender minha guitarra e comprar um MP3 player.
Vou parar de entender o abstrato e desconstruir o concreto.
Vou parar de interpretar a vida e abandonar os sinais.
Farei as pazes com o seu Deus, mas sem intimidades.
Vou comprar uma cama e deixar de dormir na rede.
Não vou mais dançar nu, quando escutar Novos Baianos.
Nem dançar valsa bêbado, escutando West, Bruce & Laing.
Vou cortar o cabelo, tirar os piercings e encerrar as tatuagens.
Vou usar camisa de botão, loção pós-barba e beber socialmente.
Vou deixar de ser maluco; para ter uma nova alucinação.