A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

Se você sobreviver?

 Se você sobreviver

o que fará quando tudo isto acabar?

Voltará a usar as outras máscaras

e a engolir sapos e comprimidos?

Manterá as mãos limpas

e os sonhos esquecidos?

Continuará a alimentar a fome

que sempre tem te corroído?


Será que todo o álcool em gel evaporado

servirá como antisséptico da sua alma?

Será que toda a água sanitária vertida

servirá para desinfetar a sua vida?

Será que toda a água e sabão utilizados

lavarão os resíduos tóxicos da sua mente?


Algodão doce, viagem, bariátrica

academia, separação, declaração

suicídio, voltar aos trilhos, estudos

débito, crédito, hippie, guru, família

solidão, isolamento, conexão

São tantas as opções!


Se você sobreviver

não continue sob a linha da vida

ou com o peso do (ré)viver

há um mundo podre e tosco lá fora

com algum canto para se adubar e florescer

Mas, se você sobreviver, só não se pergunte:

“E agora?!”. Saiba, indefectivelmente, o que quer fazer.