A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

Canção à solidão



Eu sei que está bem frio hoje

Amanheceu nublado e a tarde chegou na hora do almoço

Mas mais frio faz aqui, dentro de mim

Sento na janela sem saber quanto me pesa

E no que aconteceria se meu corpo despencasse dela

Dentro de mim já houve quedas piores

Nas mãos trago o instrumento das emoções

Só ele me faz companhia em minha agonia

E, ao contrário do que muitos pensam, não ouve calado

Fala agoniado, desafinado, acalentado e verdadeiro

Faz-me rezar, sem crer num Deus

Traz-me paroxetina, sem a química

Mas nem sempre é herói...

A minha preocupação aqui

Não é um vento forte, a síndica ou um desequilíbrio repentino

Minha maior preocupação aqui

É uma corda partida, voz desafinada, dedos endurecidos

E o vento levar pra bem longe

A única coisa que gostaria que você realmente escutasse

 Solidão! Presta atenção agora em mim, só em mim

Esta não está nas rádios, não tem nem tons e notas adequados

... mas é pra ti!

Solidão, prometo que se eu desafinar ou desequilibrar

Ninguém vai reparar.