A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

Comida de buteco - 2015

 
 
Eu buteco, tu botecas, ele buteca
É hora de se esbaldar
Deixar a imaginação
alcançar o céu da boca
Dar orgasmos à flora estomacal

Feijoada de banana
Camarão com abacaxi
Manga com bacalhau
Aratu com rodelas de caju
Pequi, beriberi, urucum

Ponte lingual da gastronomia
De Itacaranha a Itapuã
Da Boca do Rio a Vila Laura
De Brotas a Stela Maris
Tem boteco por toda a cidade

Não há limites para o prazer
Comida de buteco:
Vem em mim, que eu vou em ti
Colesterol, diabetes, obesidade
Nesse período, não farei suas vontades

Suruba sagrada dos paladares
Oportunidades de conhecer novos sabores
e sair de casa, para comer em outras casas
Eu boteco, tu butecas, ela boteca
Vamos butecar?

A abundância da Ignorância na seca da semana santa


 
Privadas azeitadas, chocolates desidratados;
Bicas idolatradas, pias empanzinadas;
Adutora danificada, descaso ratificado;
Caixa d’água sem água, Rio Vermelho escoado.
Na semana santa de 2015, na Bahia,
Jesus Cristo perdeu seu posto para a água,
Mas, apesar de toda rezadaria e expectativa,
Ela não conseguiu ressuscitar no domingo de páscoa.
Continuou refém dos soldados de terno e gravata, EPIs e diplomas.
O povo reclama e continua a reclamar...
O peixe morre pela boca, e o povo sem poder se lavar.
O povo reclama e continua a trabalhar e a comemorar.
Sem se valorizar, serve-se em talheres, copos e pratos plásticos.
Descarta-se como vatapá instantâneo, sem castanha e amendoim.
O povo reclama e continua a dançar...
A muriçoca soca, soca e pica!
A CCR, a EMBASA e o Governo: humilham!