Um poema inspirado e transpirado, após assistir a fodástica peça Ruína de Anjos, da "A Outra Companhia de Teatro", que inspirou-se na obra "A Missão", do autor alemão Heiner Müller (1929-1945) , para fazer um espetáculo de rua e itinerante, abordando a miséria social pela arte e vice-versa. A montagem é assinada por Luís Antônio Sena Junior e merece todas as atenções.
PoemArte - Juarez Paraíso / A descoberta do paraíso
Comida de buteco - 2015
Eu
buteco, tu botecas, ele buteca
É hora
de se esbaldar
Deixar
a imaginação
alcançar
o céu da boca
Dar
orgasmos à flora estomacal
Feijoada
de banana
Camarão
com abacaxi
Manga
com bacalhau
Aratu
com rodelas de caju
Pequi,
beriberi, urucum
Ponte lingual
da gastronomia
De
Itacaranha a Itapuã
Da Boca
do Rio a Vila Laura
De
Brotas a Stela Maris
Tem
boteco por toda a cidade
Não há
limites para o prazer
Comida
de buteco:
Vem em
mim, que eu vou em ti
Colesterol,
diabetes, obesidade
Nesse
período, não farei suas vontades
Suruba
sagrada dos paladares
Oportunidades
de conhecer novos sabores
e sair
de casa, para comer em outras casas
Eu boteco,
tu butecas, ela boteca
Vamos
butecar?
A abundância da Ignorância na seca da semana santa
Privadas
azeitadas, chocolates desidratados;
Bicas
idolatradas, pias empanzinadas;
Adutora
danificada, descaso ratificado;
Caixa
d’água sem água, Rio Vermelho escoado.
Na semana
santa de 2015, na Bahia,
Jesus
Cristo perdeu seu posto para a água,
Mas,
apesar de toda rezadaria e expectativa,
Ela não
conseguiu ressuscitar no domingo de páscoa.
Continuou
refém dos soldados de terno e gravata, EPIs e diplomas.
O povo
reclama e continua a reclamar...
O peixe
morre pela boca, e o povo sem poder se lavar.
O povo
reclama e continua a trabalhar e a comemorar.
Sem se valorizar,
serve-se em talheres, copos e pratos plásticos.
Descarta-se
como vatapá instantâneo, sem castanha e amendoim.
O povo
reclama e continua a dançar...
A
muriçoca soca, soca e pica!
A CCR, a
EMBASA e o Governo: humilham!
Metrô de Salvador - Uma lenda urbana (que existe...)
Um metro de metrô
Quilômetros de invisibilidade
Linhas da paciência extrapoladas
Estações do descaso
Vidas em espera
Vagões de corrupção
Enriquecimento ilícito sobre o lícito
Metrô pagando passagens de avião
Metrô sustentando canalhas
Linhas férreas da dor
Engarrafamentos de explicações
Tráfego livre para impunidades
Idas e vindas da politicagem
Operando com restrição
Anestesia a população
Era pra aliviar a dor e a humilhação
Mas o metrô de Salvador
Só afirmou nossa situação
De conformistas governados por ladrões
De comodistas e bons anfitriões.
Assinar:
Postagens (Atom)