A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

Cidadania - Cidade de agonia





















    Cidadania: é uma cidade de agonia.
 
Agonia que desespera a todos que nela vivem.
Agonia que mantem os olhos fechados em vida.
Abrindo-os somente no derradeiro estertor.
Faz-nos viver maquiados, para olhar na cara do horror.

Cidadania, não quero sua homenagem em títulos honoríficos.
Quero seu reconhecimento, mas não como personagem.
Mas em direitos respeitados, endireitados e libertados.
Quero habitar um estado livre, ocupado por cidadãos honrados.
Não por seus títulos de falsas consagrações.

Cidadão: habitante do mundo cão, habitados por gatunos.
Cão que ladra e morde, em seguida reparte o pão.
Morde a consciência daqueles que juraram clemência.
E hoje passam os dias profanando e gerando sentenças.
E munidos de vacinas antirrábicas, seguem com a devastação.

Cidadania: cidade de agonia; Agonizados: cidadãos natos.
Cidade que não é minha e nunca será.
Enquanto brechas do poder anulem direitos.
Políticos sobre os civis. Porcos sobre pérolas opacas.
Que enfeitam os pescoços de vossas Senhorias.

A cidadania atravessou todo o mundo buscando reconhecimento.
Em várias batalhas foi rainha, mas continua presa à Constituição.
Sem alcançar os ditos e proclamados, cidadãos.
Está mais forte no papel que em qualquer cotidiano.
Direitos, obrigações – Mentiras, frustrações.

A cidadania é uma mãe estéril em constante agonia.
Por não acalentar seus filhos, deixá-los ao mártir.
Manipulada como fórmula de autoridade e ambição.
Nas mãos do poder, torna-se o controle.
De quem deveria assumir a direção.

Do termo latino “civitas”; do latim “civis”; da condição humana “sofrer”.
Agonizados: cidadãos naturalizados; Cidade: repouso de desamparados.
Agonia: carma carregado com alegria; Sofrer: função de quem optar viver.
Numa nação comandada por homens de podres poderes e ambições.
Cidadania: é uma cidade de agonia, em necrose e letargia.