A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

Indo embora!



Estou pronto para partir.
Partir sem medo de ir.
Já não tenho mais nada para fazer aqui.
Minhas malas e sentimentos já estão prontos.
Deixo um quarto vazio, frio, mas quente como o inferno.
"Sapato 36", repete incansavelmente em minha mente.
Não lhes devo nada, mas os pagarei com minha liberdade.
Criado em cativeiro de emoções.
Aprendi a nadar em aquários do caos. 
Quero, agora, quebrar a cara contra as nuvens.
Eu to indo embora, para longe daqui, para dentro de mim.
Levo na mala, supérfluos necessários.
E dentro de mim, o que não me incomoda.
Não lhes devo desculpa. 
Apenas: to indo embora!

Cordel do Vestibulando 2009/2010 (UFBA / UNEB)


* Cordel contendo todos os livros e filmes indicados para os vestibulares da  UNEB E UFBA 2009 e 2010.

Eu não aguento mais tanta pressão, o ano todo estudando me dá aporrinhação.
Dei até ADEUS A LENIN, meu melhor amigo, e fico só lembrando do nosso último BAILE PERFUMADO.
Quando saio com QUARUP embaixo do braço, logo vem a gozação: "É pregação meu irmão?". 
- Destá rebanho, que seus nomes estão em meus CADERNOS NEGROS - respondo.
DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL e eu aqui trancado nesse quarto, tentando entender MACUNAÍMA, com a cabeça nas MENINAS.
A CIDADE DE DEUS está maravilhosa, aproveito o intervalo para uma cerveja no LARGO DA PALMA, pois a última BAGAGEM que me sobrou, uma SENHORA levou. 
VIDAS SECAS, VÍTIMAS ALGOZES, tudo isso faz parte da INVENÇÃO DO BRASIL
Daí, só me resta fazer a COISA CERTA, então, em pleno feriado, levanto o ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO que leva consigo DIÁRIOS DE MOTOCICLETA.
Desta forma descobrirei a TEORIA DO MEDALHÃO, com ajuda do HOMEM QUE SABIA JAVANÊS
Nem que para isso, tenha que acabar numa TENDA DOS MILAGRES e desvendar O CRIME DO PADRE AMARO, por meio das CORRESPONDÊNCIAS DE FRADIQUE MENDES.
Assim, chegarei a ESSA TERRA, não mais como um HOMEM QUE COPIAVA, pois minha aprovação será tão gloriosa quanto OS CEM MELHORES POEMAS BRASILEIROS
E aí será minha vez de tirar sarro da cara de quem riu de mim primeiro.

PoemArte - Morangos silvestres

* PoemArte inspirado no filme Morangos Silvestres, de 1957, do glorioso Bergman.


O Resto do prato


São inúmeras, as trilhas de um disco.
Controlar a agulha.
Escolher a música.
Repetir o orgasmo.
Pular de faixa em faixa.
Umas arranhadas, outras recuperadas.
Faixa larga, faixa breve.
Uma de cada lado, tudo do mesmo lado.
Estamos no resto do prato.
Rumo ao miolo desmiolado concentrado.
Em qualquer frequência ou velocidade.
A agulha sempre vai nos alcançar.
E não seremos cultuados, bem cuidados.
Disputados e procurados em sebos.
Porque debaixo da terra não há transe.
E de lá, som algum pode se escutar ou ser escutado.

PoemArte - Projeção



* PoemArte inspirado por duas obras do fudestogênico, Salvador Dali. "Galatea de esferas" de 1952 e "Minha mulher nua olhando seu próprio corpo" de 1945.


A mulher que observo
não é a mesma que projeto
Em meus ideais, sonhos... no futuro
Agora, tens a carcaça perfeita
mas falta preenchê-la


Confio em suas escolhas
assim, como em meu olhar
mas só adiante saberei
se acertei minhas projeções
se valeu à pena apostar e esperar


Autoconhecimento e desdogmatização
são algumas das suas urgentes necessidades
A leitura que faz do mundo
ainda não escreveu muito em você


Não vejo a hora, de que comece a correr
fora da esteira, do seu olhar sobre a vida
Seu interior está cheio do que lhe aguarda
Mas em partículas encapsuladas


Suas ancas macias e sedutoras
não têm sido suficientes
para me afugentar a insegurança
da perda de tempo em seu tempo


Sou paciente e faço papel de parede
decorando a parede da sua moradia em mim
mas estou com as extremidades descoladas
a textura desgastada e as cores opacas


Sigo ligando minhas energias em sua carne
eletrocutando meus desejos
fraturando seus ossos e mentes
para que o amanhã se calcifique

Tudo morre!


Tudo Morre!

Bem, eu amei minha tia, mas ela morreu.
E meu tio Lou, então, ele morreu.
Estou procurando por algo,
Que não pode ser encontrado,
Mas eu estou esperando.
Espero encontrá-la, antes que todos partam.
Eu ainda sonho com meu pai. 
Ele, também, morreu.
Tudo Morre!
Minha mãe é muito doente, ela pode morrer.
A qualquer momento...assim, como eu.
Apesar de minhas meninas serem perfeitas,
Elas podem morrer... e vão.
Ainda à procura de alguém, que estava ao redor.
Me sinto mal por não enfrentar bem, a morte.
Agora eu me odeio e desejo morrer!
Não, por quê? Oh Deus eu sinto sua falta.
Não, por quê? Oh Deus eu sinto sua falta.
Eu realmente sinto muita falta de você.
Tudo Morre!
E agora foi sua vez,
O pretume grave que deixou no mundo,
Não vai se embranquecer com facilidade.

* "Everything Dies", adaptada por InFeto.

Amores de fumaça

Há amores que são assim: 
Imensos, fabulosos, virtuosos
Todo mundo vê e fica pasmo 
Um céu, um paraíso, uma obra de arte
Mas com o tempo 
- pouco tempo -, se apagam.