A poesia é um rio que corre em mim, sempre em busca de suas nascentes.

Poema de rua

Viver na cidade
Viver a cidade
Ver a veracidade
Em qualquer era
Em qualquer idade

Entre nós - à Leonor Jaqueira



Uma hipnose me abraçou na sala do cinema
quando vi aquela mulher tão enérgica e tenaz
Entremeada à loucura temática do filme
Ela — a loucura — parecia não trajá-la
Ela — a mulher — apresentou-se segura em si
e de tudo a sua volta que a aprisionava
Em seus olhos, as verdades que a vida lhe impôs
Em seu sorriso, as esperanças que lhe restava
Em seus cabelos negros, a maciez que merecia da vida
Eu pensei: "Porra, eu quero tomar um porre e ler poesias com esta mulher"
Sua voz rouca, a delicadeza dos traços, a beleza delgada e robusta
A percepção do perseguidor invisível
A recepção do telegrama do desequilibrio
A consciência de que tudo pode estar perdido
Onde se perdeu Leonor? Onde se achou?
Que loucura a elucubrou e a levou?
Que loucura desvendou a sua sanidade?
A loucura da intensidade pela vida?
A loucura que a sociedade não cogita?
Quais realidades suas a seguravam entre nós?
Qual dos devaneios atirou em sua alma
e a tirou dentre nós para mantê-la sobre nós?
Que a brisa que esvoaçou seus negros cabelos
pela derradeira vez a tenha levado como pluma
a um refúgio no Sol, onde o chumbo da vida não pesa mais.
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